quarta-feira, 20 de abril de 2011

Uma mulher sangra por todos os poros, sangra e escreve, insistentemente.
Enquanto o filho dorme, nos intervalos do dia, entre conversas sobre compras, na feitura do almoço.
Escreve.
O filho quer saber o resultado da conta de matemática, o marido chega... ela escreve.
Por onde passa a linha do horizonte? O telefone toca. Todos saíram.
Volta [escreve].
Às vezes ela pensa em parar, por fim a esse trabalho, descansar o corpo.
Quem sabe assim o sangue cesse de jorrar? Estanque. Às vezes dói.
Em outras a solidão é insuportável. Pára – ( ). Ela escreve, ainda.
Será mesmo possível por um ponto, um ponto final nesse corpo que escreve?
Sangra, escreve, dói. Sem ordem. Tem dias que só escreve. Outros, só dói.
E, ainda, aqueles em que só sangra.
Para todos o só... elemento invariável, nesse universo do muito, do movimento. Alguém chega, o telefone toca, de novo.
Pára - ( ). Por alguns minutos....
O corpo?
Escreve. Só.

Nenhum comentário:

Postar um comentário