segunda-feira, 12 de abril de 2010

Estilhaços

palavras estilhaçadas
escorrem pela folha branca

procuro o verso
o verso
o verso

(o eco da voz, a materialidade da voz, verso-letra)

para fazer da aflição
suor
para fazer do murmúrio
suspiro
um som (que seja)
reverso da dureza
ouço palavras vociferando
de dentro da noite feroz
num ponto difuso entre
hiância e morte
sem referência deixo
o ritmo escorrer
entre o inesperado e o pressentido
a ordem e a desordem
a necessidade e o acaso

sinto medo
o medo
o medo

(o eco da palavra)

e nesse absurdo
abuso da vida
sem me assustar com a estranheza
que se dissipa nessas linhas
ouço a voz da poesia
(Poesia) sem eco.
bem me quer
mal me quer
brinquedo de menina
com ares de amor
querendo a moça
ela se enfeita
espera se ajeita
não querendo
ela recua
entre o bem querer
e o mal querer
a moça desliza
aflita!